Bem amigos, não entrarei no mérito de mecanismos de reações orgânicas pois acho desnecessário, então tratarei das diferenças básicas de óleos e gorduras e das suas reações simples de oxidações, que para nós amantes da gastronomia, são um desastre e um verdadeiro insulto ao paladar!
Antes das explicações mais técnicas quero lembrar que uma grama de gordura possui cerca de 9 calorias, enquanto uma grama de carboidratos e proteínas possui apenas 4 calorias, portanto é uma inimiga da boa forma.
Uma molécula de gordura ou óleo é formada por três moléculas de ácidos graxos ligados a um glicerol chamados de triglicerídeos, esses podem ser saturados (com ligações simples) ou insaturados (com ligações duplas que são mais difíceis de serem quebradas). Os ácidos graxos na química orgânica estão inclusos num grupo de funções chamado de ácidos carboxílicos, que são ácidos fracos (com pH ligeiramente abaixo de 7). A estrutura química, ou seja, o "esqueleto" da molécula do ácido graxo é formado por uma longa cadeia com 16-18 ou até mais átomos de carbono, sendo que cada átomo de carbono poderá conter de um a três átomos de hidrogênio dependendo do tipo de ligação e a sua posição na cadeia. Vocês certamente já ouviram falar de gordura saturada e insaturada, pois bem, a diferença consiste em que numa gordura saturada a cadeia é toda com ligações simples entre os carbonos. Enquanto que na insaturada, podem ocorrem uma ou mais insaturações (ligações duplas) na sua cadeia de carbonos. Assim, se ocorrer apenas uma insaturação teremos um ácido graxo monoinsaturado, se ocorrerem duas ou mais insaturações teremos um ácido graxo poli-insaturado. A posição da insaturação pode ser facilmente identificado pelos "não químicos" pelo nome dado, por exemplo o "ômega 3" a sua insaturação está a três lugares da extremidade da molécula.
Em uma gordura animal ou vegetal podemos encontrar uma vasta gama de combinações de ácidos graxos. Quando temos uma "gordura" mais mole temos cadeias de carbono mais curtas e com insaturações, pois a insaturação gera uma "dobra" na cadeia o que evita a sua aglomeração. Já na "gordura" mais dura encontramos cadeias mais longas e com menos insaturações. Bem, agora você deve estar se recordando que as gorduras animais são duras e que as vegetais são moles ou líquidas. Isto mesmo, logo podemos deduzir que a gordura prejudicial para a saúde é a com menos insaturações, ou seja, a famosa gordura saturada! São estas que devido o sua estrutura química entopem as nossas veias, ao contrário das "gorduras boas" como a família dos ômegas 3,6 e 9, que são capazes de ajudar na prevenção de doenças cardíacas.
Agora, falarei àqueles que são amantes da boa culinária e certamente já tiveram problemas com o "ranço" da manteiga. O famoso "ranço" ocorre de vido à formação de ácidos graxos livres, ou seja, que não estão ligados a um glicerol na configuração de triglicerídeo. A maioria dos ácidos graxos cheiram mal e possuem um gosto desagradável, porém a sua ligação com um glicerol "elimina" este problema. Quando uma gordura torna-se rança, ela teve a quebra das ligações dos ácidos graxos com o glicerol, tornando o ácido graxo livre (isto é o que chamamos de radicais livres), isto pode ocorrer por hidrólise que é a quebra de ligações por reação com moléculas de água catalisadas por enzimas ou por oxidação que é a reação com o oxigênio presente no ar. No caso da manteiga, ela "rança" com muita facilidade devido aos seus ácidos graxos serem de cadeias curtas, que se volatilizam mais facilmente. O seu vilão, o cheiro de ranço, é o ácido butírico.
Uma dica para evitar o "ranço" em óleos e gorduras é evitar o calor e a luz na sua conservação, pois as altas temperaturas aceleram o processo de hidrólise, e o processo de oxidação é catalisado (acelerado) pela luz.